No presente artigo discutimos, no contexto histórico timorense pós-restauração da independência (2002-atual), o papel da Geografia escolar no âmbito da Reestruturação Curricular do Ensino Secundário Geral, entendendo essa disciplina enquanto prática espacial de significação que opera diretamente na construção de uma identidade nacional recente. Tendo como base uma perspectiva pós-crítica e pós-estruturalista, sob a ótica da Teoria do Discurso de Ernesto Laclau e Chantal Mouffe, compreendemos que a elaboração e a implementação do atual currículo de Timor-Leste estão carregadas de disputas discursivas entre contextos políticos, concepções institucionais e atores sociais envolvidos nesse processo. Metodologicamente, a partir da análise de entrevistas realizadas com interlocutores timorenses, constatamos que a língua portuguesa se apresenta como um importante componente da identidade nacional, de modo que se consolida na reestruturação curricular como um ponto nodal e um elemento geopolítico, visto que insere Timor-Leste na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), numa tentativa estratégica de manutenção de uma ideia de nação frente aos seus vizinhos asiáticos e da Austrália.
Palavras-chave: Geografia escolar; Identidade nacional; Currículo; Teoria do Discurso; Ensino secundário.