Publicado originalmente no JUonline.
Campinas, reconhecida por sua importância metropolitana, acaba de ganhar um recurso fundamental para o estudo de sua geologia: o Atlas Petrográfico do Município de Campinas. Elaborado como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) por Helena Pivoto Paiva, sob orientação do docente Wagner da Silva Amaral, no curso de graduação em Geologia do Instituto de Geociências (IG) da Unicamp, o Atlas de 110 páginas tem como objetivo reunir, em um formato ilustrado e didático, conhecimentos geológicos, especialmente das rochas do município.
Desde 1993, Campinas já possuía um mapa geológico, elaborado pelo Instituto Geológico de São Paulo, que continha um relatório com a descrição das rochas mapeadas. Esse material serviu de guia inicial para a elaboração do Atlas Petrográfico, que traz um detalhamento das principais rochas que ocorrem no município a partir de amostras coletadas em campo, com riqueza de detalhes. “Foi feita uma descrição das amostras em mesoescala, que seria escala de mão, e um detalhamento ao microscópio com lâminas delgadas”, explica Amaral. Com isso, foi possível classificar e descrever as rochas dentro de três grandes grupos: ígneas, metamórficas e sedimentares. De forma resumida, as rochas ígneas se formam pelo resfriamento do magma; as sedimentares, pela acumulação de sedimentos; e as metamórficas, pela transformação de outras rochas sob condições de pressão e calor.
Paiva já havia estudado diversos minerais metálicos em lâminas delgadas durante sua primeira iniciação científica, que resultou em um Guia de Identificação de Minérios. Foi sua experiência em estudos via microscópio e em descrição de rochas que levou o orientador a sugerir a possibilidade de trabalhar na elaboração de um atlas da cidade. “Vimos uma oportunidade de ter como base a área de estudo do município, pois tínhamos acesso fácil para coletar amostras”, destaca o docente.
Além disso, o IG conta com um acervo com diferentes tipos de rochas encontrados no município, o que facilitou o estudo. Campinas agrupa tanto rochas raras, como as metamórficas, que poderiam ser o fundo de um oceano, quanto rochas mais comuns, como granitos da região do Pico das Cabras, utilizados na construção civil. “Por mais que seja um município densamente habitado, com várias construções e propriedades, ainda há muitos afloramentos de rochas que podemos acessar. Isso possibilita que Campinas seja um grande laboratório para pesquisa e didática”, completa Amaral.
O conteúdo foi elaborado para ser acessível não só ao público acadêmico, mas também a alunos do colegial e curiosos em geral. Para facilitar a compreensão, a autora incluiu uma introdução com conceitos básicos de geologia e um glossário que explica termos técnicos. O material está disponibilizado gratuitamente (como PDF/e-book) pela Biblioteca César Lattes da Unicamp.
Para Amaral, o Atlas populariza parte do que se pesquisa na Universidade e pode apoiar a elaboração de planos diretores ou discussões sobre o planejamento territorial. “É um conhecimento que vai servir para várias aplicações”, reforça. Com uma linguagem mais didática e menos científica, o leitor encontra logo na introdução a explicação de alguns conceitos básicos de geologia, como os principais tipos de rochas, suas estruturas e como se formam. Conceitos mais científicos, que podem ser mais difíceis de compreender, são apresentados em um glossário. “Para o público leigo que tem a curiosidade de saber onde ele está pisando, esse é um material muito informativo”, lembra Amaral. “Estudantes de segundo grau, por exemplo, que têm interesse na geologia e na geografia conseguem entender um pouco mais sobre o meio físico da nossa região”, finaliza a recém-formada geóloga.
Texto: Eliane Daré
Fotos: Arquivo SEC
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