A tafonomia é a ciência que estuda como os fósseis se formam. Ela mostra o que acontece com restos de animais, plantas e até marcas de atividade biológica (como pegadas) depois que ficam enterrados. Graças a ela, é possível entender como dinossauros, microfósseis e até sinais químicos ficaram preservados por milhões de anos. Entre os dias 13 e 15 de agosto, o Instituto de Geociências (IG) da Unicamp sediou pela primeira vez o III Simpósio de Tafonomia. Reunindo mais de 80 pesquisadores do Brasil e de fora do país para discutir os avanços dessa área, o encontro foi coordenado pela docente do Departamento de Geologia e Recursos Naturais (DGRN) Fresia Soledad Ricardi-Branco e contou com apoio da Fundação de Desenvolvimento da Unicamp (Funcamp), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e do próprio IG.
O evento ressaltou a importância dos estudos tafonômicos para enfrentar os desafios científicos do século XXI. A iniciativa evidencia o avanço das pesquisas nesse campo e cria um espaço privilegiado para impulsionar e consolidar a paleontologia no Brasil. A paleontóloga e geobióloga estadunidense docente da University of California, Santa Barbara (UCSB), Susannah Porter, cujas pesquisas são altamente relevantes para a tafonomia - especialmente em relação à preservação, transformação e interpretação dos fósseis - participou do evento.
Porter compartilhou descobertas recentes no Grand Canyon (EUA) que a surpreenderam: um conjunto de microfósseis excepcionalmente bem preservados, com estruturas delicadas, como tentáculos. “Essas condições de preservação sugerem que os organismos poderiam ter vivido em ambientes glaciais, sobre pontes de gelo marinho. Se essa hipótese se confirmar, terá grandes implicações para entender como a vida sobreviveu às glaciações globais do Neoproterozoico”, destacou. A cientista também reforçou o papel dos fósseis como base para a teoria da evolução, lembrando que foi a partir deles que Charles Darwin construiu seus argumentos sobre seleção natural. Segundo Porter, o registro fóssil não apenas revela a transição de espécies e a diversificação da vida, mas também aponta para a resiliência biológica, mostrando como diferentes linhagens resistiram a eventos catastróficos que poderiam ter levado à esterilização do planeta.
Luana Morais, docente colaboradora do IG que participou da organização do evento, destacou a importância do evento para o fortalecimento da área no país. “Reunimos mais de 80 pesquisadores, entre participantes, palestrantes e membros da comissão organizadora. Foram 62 trabalhos apresentados, em formato oral e pôster. Tivemos o privilégio de contar com nomes de referência internacional, o que elevou o nível das discussões e demonstrou a relevância da tafonomia para a sociedade”, afirmou.
Para os organizadores, a troca de experiências entre pesquisadores brasileiros e estrangeiros consolida o protagonismo da Unicamp em pesquisas sobre a origem e a evolução da vida.
* Entrevista com tradução de Luana Morais e Bernardo Tavares Freitas - docente do DGRN/IG.
Texto: Eliane F. Daré
Imagens: Arquivo Simpósio de Tafonomia
Galeria de imagens
- Susannah Porter, docente da University of California
- Fresia Soledad Ricardi-Branco
- Luana Morais




