Estudantes de graduação em Geografia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) estiveram na Unicamp na sexta-feira, 28 de julho, para conhecer o Instituto de Geociências (IG). A visita fez parte de um trabalho de campo proposto pelo docente da UFRRJ Pablo Ibanez. O diretor do IG, Márcio Cataia, foi quem recebeu o grupo e apresentou a Unidade.
De acordo com Pablo Ibanez, a UFRRJ, que fica no extremo da Baixada do Fluminense, em Seropédica, foi concebida para ser uma Universidade relacionada a Ciências Agrárias, Zootecnia, Veterinária e Agronomia. Com o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), a instituição se expandiu e mudou de perfil. O docente explica que o acesso viário é um problema para a comunidade acadêmica, principalmente para os estudantes que precisam se locomover por transporte público. A atividade de campo que propôs aos estudantes foi mostrar o contraste entre o padrão de desenvolvimento dos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro. “Há limitações e caos ligados à centralidade muito forte da Região Metropolitana e à exploração de petróleo no Norte do Estado. Em São Paulo, não. Em São Paulo há um padrão que foi acompanhando movimentos grandes de dispersão industrial”, explica.
Ao invés de levar os alunos pelo caminho mais rápido que passa pelo Vale do Riberia, o docente resolveu passar pelo Litoral Norte de São Paulo. “Mostrei a ocupação do litoral com uma forte especulação e as áreas de desastre. O tamanho da destruição foi assustador”, relata. O grupo da UFRRJ subiu a Serra do Mar por Mogi das Cruzes e chegou à Região Metropolitana de São Paulo. Visitaram Centros de Geografia da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Unicamp, além de passar pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), em Piracicaba. “Percorremos a Rodovia Castelo Branco, que é o último grande eixo de dispersão da indústria paulista, ligado a logística, ao agronegócio, e voltamos pela Washington Luis e Anhanguera, chegando ao Polo Tecnológico de Campinas”, disse.
O diretor do IG, Márcio Cataia, docente do Departamento de Geografia, apresentou a Unicamp em números e as áreas de ensino, pesquisa e extensão do IG. “Deveríamos começar a incentivar a vinda de mais pessoas para dentro do IG para poder fazer esse diálogo acadêmico-científico”, afirma o diretor. “Não é sempre que o IG recebe visitantes em trabalho de campo. É muito importante poder mostrar o que fazemos”, complementa. O pedido de visita à Unidade foi feito por Ibanez, que é ex-aluno do IG e se formou na primeira turma de Geografia, de 1998. Ele fez iniciação científica com apoio da Fapesp e foi orientado por Ricardo Castilho.
Para o docente da UFRRJ, a experiência foi gratificante. “O Rio tem um grau de isolamento muito grande. A renda no RJ é muito menor que em SP. Então, os alunos têm muita dificuldade de se locomover, de viajar, de encontrar espaço que possam visitar”, diz Ibanez. Letícia Ambrósio, uma das estudantes da Federal Rural, reforça. “Vivemos numa região negligenciada, que é a Baixada Fluminense. O comparativo de investimento da Baixada com o centro do Rio de Janeiro, por exemplo, é bem diferente. O transporte é muito complicado. É preciso pegar ônibus de 2h ou 2h30 para chegar na faculdade”, afirma a estudante. “Apesar da estrutura ser comprometida, os professores são muito bons. Vimos no período pós-pandemia o esforço de se integrar com a turma e, agora, fazer esses campos, que para a geografia são tão importantes. Geografia só em sala de aula é muito complicado. Os professores se esforçam muito nisso”, reforça a aluna, impressionada com a estrutura do IG. Letícia pensa em seguir a carreira acadêmica, mas ainda não se decidiu pela área humana ou física. Sua colega de turma, Yasmin Rodrigues, também pretende fazer mestrado. “Pretendo fazer minha pós aqui na Unicamp, na área de geografia ambiental”, diz. A estudante gostou muito do que viu.
Fotos e Texto: Eliane Fonseca