Marko Monteiro, docente do Departamento de Política Científica e Tecnológica do IG, visitou em maio o experimento do AmazonFACE - “Avaliação dos efeitos do aumento de CO2 atmosférico sobre a ecologia e resiliência da Floresta Amazônica”, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), ligado ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). No experimento inédito, realizado próximo à cidade de Manaus, uma área da floresta será exposta a uma concentração de gás carbônico (CO2) prevista para o futuro, usando a tecnologia Free-Air CO2 Enrichment (FACE). Monteiro conheceu o local onde estão sendo construídas as torres para injeção de CO2 na floresta.
O objetivo do experimento é obter conhecimentos que possam orientar políticas frente às mudanças climáticas, cujo impacto nos ecossistemas tropicais é incerto, podendo gerar uma espécie de savanização da área. Isto é, caso a floresta continue a ser desmatada, pode-se atingir um ponto de não-retorno, desencadeando-se um processo de mudança do bioma com consequências para toda a América do Sul, como diminuição de chuvas, secas extremas e perda da biodiversidade. O experimento pretende contribuir, assim, para a redução de incertezas e orientar avaliações globais da vulnerabilidade da floresta frente a essas mudanças.
Marko Monteiro participou de um Workshop do projeto "ODS 2.4-AM: entendendo o papel de redes sociais sobre a segurança alimentar ante extremos climáticos no Amazonas". Ele conta que essa foi “uma oportunidade de avançar nas análises dos dados do projeto, fazer trocas com o projeto AmazonFACE (com sede na Unicamp e no INPA) e formular diretrizes para pensar aspectos socioambientais do experimento FACE”. Participaram do evento David Lapola (Cepagri-Unicamp) e Tiago Jacaúna (UFAM), coordenadores do projeto; as alunas de doutorado Julia Menin (UFRGS), Moara Canova (NEPAM-Unicamp); de mestrado Ana Luisa de Carvalho Cruz (Unicamp- Ecologia); a pós-doutoranda Maíra C. G. Padgurschi (Unicamp) e Ryuji Soma (Unicamp), que está participando da análise dos dados que estão sendo produzidos.
De acordo com Monteiro, o objetivo da visita foi “analisar em conjunto os dados coletados ao longo de um trabalho de campo extenso feito pela equipe em comunidades de três cidades do Amazonas: Manaus, Carauari e Tabatinga, que representam um gradiente de segurança alimentar, do mais seguro ou menos seguro”. O docente lembra que o projeto é parte da tarefa socioeconômica do experimento FACE, que analisa como as mudanças climáticas afetarão serviços ecossistêmicos e, de forma associada, a segurança alimentar de comunidades daquela região.
O experimento recebeu aporte financeiro do Reino Unido. Com isso, foi possível iniciar a construção das torres e da infraestrutura necessária para o experimento, que está em fase inicial. “Faltam ainda recursos para manter o experimento em prazo mais longo, o que parece que vai acontecer num horizonte maior agora”, conta Monteiro. O docente informa que os próximos passos são relacionados justamente a obter mais financiamento, tanto para dar continuidade à parte de infraestrutura do experimento quanto para manutenção de bolsas e de trabalhos de campo.
Por Eliane F Daré
Fotos: Marko Monteiro