A sedimentóloga Nora Noffke, docente da Old Dominion University (Norfolk, Virginia, EUA), esteve no IG no início de maio para trocar experiências e ministrar uma palestra sobre as implicações das estruturas sedimentares microbialmente induzidas em depósitos clásticos para a prospecção de vida fóssil em Marte. O convite partiu da professora do Departamento de Geologia e Recursos Naturais do IG Fresia Ricardi Branco, quem orientou o doutorado de Flavia Callefo. A estudante fez um intercâmbio com Noffke e, junto com outros pesquisadores, as três publicaram recentemente um artigo na Frontiers in Earth Science. Tanto a docente da Unicamp quanto a da Old Dominion University pretendem manter a parceria de projetos de pesquisa.
Noffke, cuja pesquisa combina sedimentologia com microbiologia, geoquímica, paleontologia e mineralogia, tem contribuído fundamentalmente para o campo científico de biofilmes e tapetes microbianos em sedimentologia clástica. Estruturas sedimentares microbialmente induzidas ocorrem abundantemente em ambientes aquáticos modernos, mas também podem ser encontradas no registro fóssil. Ela explica que esses tapetes são um tipo de camada orgânica composto inteiramente por células microbianas. “Essas estruturas existem na Terra desde o arqueano inicial, há cerca de três bilhões e meio de anos. Há rochas em Marte que têm uma composição semelhante às rochas da Terra que podem ter bilhões de anos” detalha a pesquisadora. Seu interesse está principalmente na estrutura deixada nos sedimentos pela interação complexa entre organismos macroscópicos e biofilmes.
Em sua palestra, a pesquisadora falou sobre como essas estruturas sedimentares microbialmente induzidas se formam e onde ocorrem. Falou também sobre como prospectar depósitos num curto prazo e identificar características específicas dessas estruturas, além de apresentar como são preservadas e como comparar com a vida fóssil em Marte.
Noffke já havia visitado o Sirius e a USP, mas não conhecia a Unicamp. Ficou impressionada com os espaços do campus e com a quantidade de verde. “É muito impressionante entrar e ver essa bela arquitetura do prédio. Dá a sensação de comunidade”, disse. Ela também ficou impressionada com o acervo disponível no hall da Unidade. “Falei com a Fresia que vocês precisavam ter um pterossauro voando. E ela respondeu: ´bem, nós temos um´”, disse de modo empolgado. A pesquisadora teve também a oportunidade de trocar experiências com o professor Alvaro Crósta, que tem acompanhado alguns tipos de pesquisas relacionadas a Marte.
As atividades desenvolvidas peor Nora Noffke na sua estadia na Unicamp fazem parte de uma parceria de pesquisa contemplada dentro do Projeto Fapesp 19/16727-3 “Paisagens Tafonomicas” e que pretendem continuar em projetos futuros.
Por Eliane Fonseca Daré