Entre os dias 20 e 23 de outubro o Instituto de Geociências (IG) recebeu cerca de 400 estudantes de graduação e de pós-graduação, docentes, pesquisadores e profissionais de empresa na área de geociências de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo durante o 16º Simpósio de Geologia do Sudeste e 9º Simpósio Nacional de Ensino e História de Ciências da Terra. O docente Wagner Amaral, do IG, presidiu a comissão organizadora e é vice-presidente da diretoria executiva do Núcleo São Paulo da Sociedade Brasileira de Geologia - SBGeo.
O Geosudeste é organizado pelos núcleos regionais da SBGeo e é realizado desde 1989 com periodicidade bianual e de forma itinerante, com participação de universidades, empresas e grandes centros de pesquisa. Wagner Amaral conta que essa é a primeira vez que o evento ocorre na Unicamp. Um dos pontos que destaca é o espaço do IG. “O Instituto contemplou bem o evento. A forma como temos o saguão possibilitou que a seção de pôsteres ficasse muito bem distribuída, o que deixou o evento confortável”, disse.
Iata Anderson de Souza, da Universidade Estadual Paulista (UNESP) e também integrante da comissão organizadora, destacou “a submissão de resumos de boa qualidade que foram publicados em anais”, e que já estão disponíveis para download no site www.geosudeste.com.br. “A excelente qualidade dos 369 trabalhos submetidos e aprovados mostra que mesmo em um período de recursos escassos para a ciência as áreas de geociências e ciências da terra estão tendo um crescimento, e não uma estagnação”, lembra Wagner. Ainda segundo o docente da Unicamp, o evento aplicou o projeto para o CNPq, obteve sucesso, mas o recurso foi contingenciado. “O que conseguimos de suporte financeiro foi obtido junto à Petrobras. O custo operacional foi custeado pelo próprio número de inscrições”, informou.
Esta edição do Geosudeste trouxe um palestrante internacional. Thomas Blenkinsop, da Cardiff University, deu uma conferência e um minicurso de dois dias. O IG tem parceria há algum tempo com a Universidade de Cardif. Thomas foi um dos supervisores de Wagner Amaral no pós-doc que fez na universidade britânica entre 2018 e 2019, junto com os docentes Carolina Moreto e Vinicius Meira. Na conferência no Centro de Convenções da Unicamp, o professor Thomas proferiu uma conferência sobre “Mineralizações de Ouro em Crátons e Cinturões Orogênicos”. De acordo com Iata, “Campinas foi escolhida como sede por ser uma cidade de fácil acesso e por ser próxima das outras Universidades localizadas no estado de São Paulo”. Além disso, Barão Geraldo, onde fica o campus, tem uma boa infraestrutura de hospedagem, alimentação e de mobilidade.
Fábio Machado, docente do Departamento de Ciências Ambientais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e membro da diretoria executiva da SBG, fez uma apresentação oral sobre a presença de erros nos livros de geologia para alunos do 6º ano do ensino fundamental. Uma aluna de mestrado que ele orientou analisou livros didáticos de escolas de Maceió (AL) e fez um apanhado estatístico sobre o que estava sendo ensinado. “Foi detectado 70% de erros folclóricos como falar que o manto da terra é líquido, o que é um erro da década de 80,ou falar que o petróleo veio dos dinossauros, que é um erro clássico do século passado. Sabemos que o manto é plástico e rochoso e que o petróleo é oriundo de plâncton ou fitoplâncton marinho. É um erro folclórico que persiste. Enxergamos isso com muita preocupação, pois está sendo ensinado para pré-adolescentes e precisa ser revisto”, disse. Paloma Moreira da Silva, aluna de graduação da Universidade Feral Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), apresentou o trabalho “Indicadores tectônicos na bacia hidrográfica do Rio do Peixe (MG)”, no qual fez um trabalho de campo da geomorfologia tectônica do afluente do Rio Paraibuna para compreender as dinâmicas dos processos de formação de relevos e de sua evolução.
Por Eliane Fonseca
Fotos: Eliane Fonseca e Letícia Corrêa
Publicação: 25/10/2019