Na última sexta, 29, ocorreu no auditório do Instituto de Geociências a abertura da 10ª turma do Curso de Especialização em Gestão Estratégica da Inovação Tecnológica, sob coordenação do docente Ruy Quadros, do Laboratório de Gestão de Tecnologia e Inovação (LabGETI). Oferecido pelo Departamento de Política Científica e Tecnológica (DPCT), o curso, que teve a primeira turma em 2003, comemora 16 anos de oferecimento contínuo. Nesse período, formou cerca de 600 profissionais de gestão estratégica de inovação, pesquisa e desenvolvimento e novos negócios, entre turmas fechadas e abertas.
O curso tem parceria com a Agência de Inovação da Unicamp (Inova) e com a Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei). Como nas turmas anteriores, a maior parte dos alunos é composta por diretores, gerentes e coordenadores de empresas industriais e de serviços, como AES, América Móvil, Biolab, Bosch, CTC, Duratex, Natura, Nouryon, PSA-Citroen, Rockwell, Samsung, entre outras, além de gestores de Núcleos de Inovação Tecnológicas (NITs), como Inova/Unicamp e CNPEM. Há alunos de várias cidades do Estado de São Paulo (São José dos Campos, São José do Rio Preto, São Paulo, Ribeirão Preto, Piracicaba, Vinhedo, Santos), além de outros estados, como Paraná, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Entre os alunos, há 5 doutores, 12 mestres e diversos especialistas.
Participaram da mesa de abertura o diretor do IG, o docente Sérgio Salles; o diretor associado de extensão da Pro-Reitoria de Extensão e Culta da Unicamp, Pedro Emerson de Carvalho; a chefe do DPCT, Flávia Consoni; e o coordenador do Lab GETIRuy Quadros. Sérgio Salles destacou a importância do curso em atender as necessidades de educação continuada de profissionais com responsabilidade decisória no ecossistema de inovação brasileiro, em particular daqueles que atuam em empresas. Enfatizou que o curso é reconhecido como o melhor curso de gestão de inovação no Brasil. Já Pedro Emerson de Carvalho, que foi aluno na primeira turma, lembrou a importância da rede de ex-alunos e professores que se forma ao longo dos dois anos de convivência de cada turma. Flavia Consoni, chefe do DPCT, lembrou que fazia o doutorado no IG quando acompanhou a organização e lançamento do curso em sua primeira turma.
O coordenador do LabGETI, Ruy Quadros,destacou que “a proposta do curso compreende a seleção de uma turma em sua maior parte composta por profissionais experientes e com responsabilidade decisória, de empresas inovadoras. Isso permite compor um grupo bastante representativo das práticas e desafios da gestão da inovação no Brasil, o que ajuda a fazer do curso um laboratório de práticas e reflexão, de aprendizado coletivo para alunos e professores”. Outro ponto que o docente ressalta é que “o curso procura sempre estar à frente das questões emergentes e críticas da área, o que na atual conjuntura significa abrir espaço para as questões relacionadas à transformação digital e inovação nos modelos de negócio das empresas”, apontou.
O gerente sênior de análise de dados sociais da IBM Research–Brazil, Cláudio Pinhanez, proferiu, na aula inaugural, a palestra “Oportunidades e desafios em Inovação usando Big Data e inteligência artificial”. Pinhanez contextualizou a importância da ciência para o desenvolvimento de inovações radicais, tomando o exemplo do Google, que teve sua origem como ideia e conceito na pesquisa científica desenvolvida por seus fundadores Larry Page e Segey Brin, em seu doutorado em Ciência da Computação na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos. O gerente da IBM também abordou a evolução das tecnologias de inteligência artificial, enfatizando especialmente as etapas de machine learning e a subsequente fase de deeplearning, uma tecnologia potente para a identificação de padrões em bases massivas de dados (big data) de forma bruta, sem necessidade de limpeza prévia. O deeplearning tem resultados inigualáveis em aplicações como visão computacional, reconhecimento de fala e compreensão de linguagem natural. O palestrante lembrou que tal tecnologia recuperou os avanços científicos de desenvolvimento de redes neurais, que, depois de uma fase promissora nos anos 90, haviam perdido prioridade na pesquisa em computação e matemática. Por fim, Pinhanez apontou as limitações ainda encontradas por essas tecnologias, e desmistificou o que chamou de histeria em relação aos efeitos do deeplearning para o emprego.
Por Eliane Fonseca, com colaboração do docente Ruy Quadros
Foto: Arquivo pessoal