No próximo sábado, 6, acontece o Planes 2019 do IG. Uma parte da programação será dedicada à palestra e debates com a temática “Universidade pública: diversidades e valores para a diversidade”. Uma das convidadas é a docente do Instituto de Geociências da USP, Adriana Alves.
A docente é bacharel em Geologia pela USP. Da graduação passou direto a doutorado na mesma universidade com o tema plútons graníticos do leste paulista, com período sanduíche na Universidade de Alberta, nos Estados Unidos. Na USP, também fez seu pós-doutorado em mineralogia e geoquímica.
Adriana é docente da USP desde 2009. Em 2018 recebeu um auxílio do Serrapilheira para estudar dois eventos geológicos muito similares – erupções vulcânicas na Sibéria há 250 milhões de anos, que geraram um dos maiores eventos de extinção na Terra, e outro no centro do Brasil há 136 milhões de anos, que causou apenas leves perturbações no clima.
Trajetória
Negra, de origem humilde, Adriana conheceu o racismo na escola ao tirar 10 numa prova de matemática - para a professora, ela só poderia ter colado. Aos 15, começou um curso de processamento de dados sem nunca ter ligado um computador. No mesmo período, começou a trabalhar - o que fazia com que a futura geóloga ficasse de 5 a 6 horas diariamente dentro de um ônibus. Seu bom desempenho no curso técnico chamou a atenção de um professor que a estimulou a prestar vestibular. Adriana escolheu a Geologia por conta de um jogo de computador em que uma equipe de cientistas era enviado a um meteoro que seguia rumo à Terra e, para ela, um geólogo fazia as observações mais interessantes.
Aprovada no vestibular, sentiu de imediato dificuldade para se encontrar no novo meio. Em entrevista à Folha de São Paulo, Adriana contou que teve que se alienar da questão racial para poder sobreviver, ou ficaria isolada. Foi aí que se deu conta que há gente boa de todas as cores e em todos os estratos sociais. Ainda assim, sofreu com o racismo difuso.
Da graduação pulou direto ao doutorado e foi a primeira a aluna da pós-graduação a terminar a tese com um artigo aceito numa revista renomada. Sua mãe ouviu de seu orientador, o professor Valdecir de Assis Janasi, que ela era a pessoa com mais tino científico que ele já havia conhecido.