Jean Carlos Hochsprung Miguel, sociólogo com ampla experiência em estudos sociais da ciência e da tecnologia, tem se dedicado a investigar como as dinâmicas de transição energética se configuram no Brasil, em especial no setor elétrico. Em sua pesquisa, ele analisa as redes de governança que envolvem a energia solar, buscando entender como a participação de diferentes atores – desde empresas até comunidades locais – influencia os rumos da transição.
Segundo Miguel, a adaptação climática não pode ser reduzida a uma questão técnica ou de inovação tecnológica. “A transição energética é um processo sociotécnico, em que tecnologia e sociedade evoluem de forma conjunta. Por isso, compreender como redes de governança são formadas é essencial para identificar quem tem voz, quem participa e quem é excluído na definição dos caminhos do setor elétrico”, explica. A energia solar, cada vez mais presente na matriz brasileira, surge como um campo privilegiado para analisar disputas e oportunidades. Democratizar seu acesso, segundo ele, é um passo decisivo para tornar a adaptação mais justa e inclusiva.
Se de um lado as redes de energia solar apontam para novas possibilidades, de outro, a transição energética expõe conflitos sociais e territoriais. É nesse ponto que entra a pesquisa de Alexsander Fonseca de Araujo, doutorando no Programa de Pós-Graduação em Política Científica e Tecnológica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Seu trabalho se volta para o Movimento de Atingidos por Barragens (MAB) e para a forma como os movimentos sociais têm atuado na construção de alternativas de transição. “A justiça climática e energética precisa ser o eixo central das políticas de adaptação. Sem ela, corre-se o risco de ampliar desigualdades e perpetuar a exclusão das populações mais vulneráveis”, destaca.




