“Quando me perguntam se fomos brigar com a ditadura e respondo que sim, as pessoas não conseguem entender. Éramos doidos? Não, não éramos. O mundo era outro, as situações eram diferentes. Naquele tempo, o mundo girava em torno da Guerra do Vietnã, e o Exército dos Estados Unidos, tido como o maior do planeta, estava sendo derrotado militar e politicamente. Nós passávamos o domingo lendo notícias e análises da guerra no Estadão. Enquanto isso, na França, o movimento dos estudantes havia forçado o primeiro-ministro a se refugiar na Argélia. Na América Latina, cresciam as guerrilhas contra os regimes ditatoriais – só não havia guerrilha no México e no Chile. Lembrando que em Cuba tinha dado certo.”
O relato acima foi feito pelo geólogo Carlos Lobão, um dos pioneiros do Instituto de Geociências (IG) da Unicamp e docente aposentado da instituição. Lobão ingressou na Unicamp como aluno de mestrado em 1978. Foi o primeiro geólogo, no Brasil, a se tornar mestre e também doutor em educação. Na academia, dedicou-se a investigar a interface entre ensino e geociências, em uma época na qual não havia pesquisas sobre essa temática na América Latina. “Quem começou esse trabalho, em 1973, foi o pessoal da USP [Universidade de São Paulo], que depois também participaria da fundação do IG”, revela. No ano passado, os 50 anos dessa atuação pioneira – e responsável por formar professores de universidades de todo o país – foram celebrados por um simpósio internacional organizado pelo Programa de Pós-Graduação em Ensino e História de Ciências da Terra, do Instituto.
Leia a matéria completa de Mariana Garcia, na edição especial do Jornal da Unicamp.
Foto: Antoninho Perri