Por Roberto Greco, docente do DPCT
Entre os dias 30 e 31 de janeiro ocorreu um encontro do projeto de extensão PEX-Proec "Conectando na rede da natureza", coordenado pelo docente Roberto Greco, do Departamento de Políti9ca Científica e Tecnológica do IG. As alunas da Unicamp Marina Fagundes, mestranda em biologia; Fernanda Cristina Zanni Pestana, do curso de geografia; e Michele Geismar Petineli, da graduação em biologia também participaram dessa viagem. O projeto é a continuidade de um primeiro ("Sustainability | Free Full-Text | Technological Affordance and the Realities of Citizen Science Projects Developed in Challenging Territories (mdpi.com”), realizado com recursos GCRF (UK) em parceria com a Universidade de Cardiff, UFSCAR, FGV e Unicamp, que teve como foco construir cidadania científica.
“Guapiruvu” é um dos nomes populares da arvore Schizolobium parahyba e é o mesmo nome de um bairro de bairro do Município de Sete Barras (SP). Os jovens de lá crescem na beira do Parque Estadual Intervales, mas não têm muitas oportunidades de usufruir as trilhas. Aproximar os jovens às maravilhas naturais do parque é uma forma de suscitar encantamento e conexões com o território para tentar melhorar as relações entre o parque e as comunidades vizinhas. No Guapiruvu há uma atenção forte para a biodiversidade que remonta aos tempos da Agenda XXI. Há ações que estão sendo realizadas para promover o conhecimento e o respeito para a biodiversidade. A proposta é realizar trilhas no parque junto com alunos com conhecimentos de ciências naturais (biologia e geologia) para esclarecer as curiosidades sobre o que está sendo encontrado e observado, mas também dar espaço às emoções que podem ser expressas por meio de desenhos, poesias ou outras formas.
Nessa primeira saída de teste foi realizada uma trilha curta de aproximadamente 1h (outras trilhas de um dia inteiro estão previstas nos próximos encontros), guiada por Juliano da Silva Cruz, um dos jovens da comunidade. A trilha é chamada da Jiboia do Ribeira. Isso porque em 2023 foi encontrado nessa região um exemplar macho de Corallus cropanii, uma cobra arborícola não venenosa e muito rara. Esse exemplar está sendo monitorado para pesquisa. É muito comum para quem mora no Guapiruvu encontrar cobras durante os trabalhos na roça. Em quase todas as famílias há alguém que já foi picado. A reação mais comum era matar a cobra, mas nos últimos anos surgiu o projeto “Mãos que protegem”, desenvolvido pelos próprios moradores. Quando alguém encontra uma cobra, voluntários treinados para resgatar o animal peçonhento, são chamados para retirar o animal e soltá-lo no Parque. Durante a trilha, Gilberto Otha, líder da comunidade e voluntário do projeto, realizou a soltura de uma dessas cobras resgatadas: um filhote de jararaca, cobra venenosa e muito comum que ele encontrou na sua agrofloresta. Otha já resgatou mais de 40 animais em dois anos. A soltura foi uma oportunidade para discutir com os jovens a importância desses tipos de ações para preservar a biodiversidade no local.
A mesma comunidade já recebeu outros dois projetos de extensão com recursos PEX-Proec, coordenados por Greco. Esses projetos, realizados em 2022 e 2023, tiveram como foco as abelhas nativas e foram realizados em parceria com a associação do bairro “Amigos da Mata”, coletivo de jovens que se auto organizam para desenvolver a ecocidadania na cominidade.
Na foto acima, soltura da jiboia, trilha, grupo e roda de conversa.
Imagens: Fernanda Cristina Zanni Pestana e arquivo pessoal de Roberto Greco
Edição de imagem e de texto: Eliane da Fonseca Daré