A dissertação 'Avaliação em Negócios de Impacto: Análise das práticas avaliativas do empreendedor e do investidor', desenvolvida no Departamento de Política Científica e Tecnológica por Érica Hevellin da Silva Siqueira e orientada pela professora Adriana Bin, da Faculdade de Ciências Aplicadas, e co-orientada pela docente aposentada do IG Rachel Stefanuto, foi vencedora da 5ª Edição do Prêmio ICE na modalidade mestrado. O prêmio, que foi entregue no dia 8 de maio, em São Paulo, é uma iniciativa do Instituto de Cidadania Empresarial (ICE) que incentiva e aprofunda o debate sobre investimento e negócios de impacto na comunidade acadêmica, reconhecendo os melhores trabalhos nas categorias de graduação, mestrado e doutorado.
Érica apresentou sua dissertação durante a entrega do prêmio. Para a aluna, esse é um reconhecimento do trabalho e da dedicação ao longo dos dois anos de mestrado. “Foi um trabalho de intensa pesquisa e reflexão até chegarmos na versão final da dissertação, que também contou com as contribuições dos professores Bruno Fischer (Unicamp) e Sérgio Lazzarini (Insper) compondo a banca avaliadora. Ademais, ele também carrega grandes contribuições a um campo de estudo que está em fase de desenvolvimento e amadurecimento: os negócios de impacto”, apontou Érica. Negócios de Impacto, também conhecidos como Negócio Social ou Empresa Social, são aqueles que possuem uma dupla missão: obter retorno financeiro por meio de uma estrutura empresarial e causar impacto socioambiental positivo. São parte do Empreendedorismo Social e, consequentemente, do universo do Empreendedorismo. “Esses negócios identificam oportunidades nos problemas sociais ou ambientais e respondem a ele idealizando e comercializando um produto ou serviço”, explica a aluna da Unicamp, que integra o Laboratório de Estudos sobre Organização da Pesquisa e da Inovação (GEOPI) do IG.
Quando foi procurada para orientar Érica, Adriana Bin preocupou-se em encontrar um ponto de contato entre o interesse de Érica em negócios de impacto com os temas de pesquisa nos quais trabalha a docente da Unicamp. Outra preocupação foi encontrar apoio acadêmico no tema. “Sobre o primeiro ponto, a conciliação veio quando decidimos estudar a avaliação (um de meus temas de pesquisa) no contexto dos negócios de impacto. Sobre o segundo ponto, a solução foi convidar a professora Rachel Stefanuto para nos apoiar, uma vez que ela tem trabalhado com este assunto. Desde então, meu interesse pelo tema se ampliou, justamente pela constatação de sua importância crescente tanto no contexto acadêmico quanto empresarial”, pontuou a docente.
A categoria na qual a dissertação foi vencedora foi a mais concorrida com 23 trabalhos inscritos de quatro regiões do Brasil, num total de 47 inscritos. “É a primeira vez que a Unicamp participa deste prêmio e já conseguimos ganhar o primeiro lugar, demonstrando a relevância do tema e do trabalho. É extremamente gratificante como pesquisadora ter um trabalho reconhecido, dá a sensação de dever cumprido”, destacou Érica, que foi bolsista Capes e conseguiu se dedicar exclusivamente à pesquisa. “Sem esse suporte financeiro provavelmente eu não teria conseguido desenvolver este trabalho com excelência”, afirmou. De acordo com Adriana Bin, que orienta Érica agora no doutorado em Administração na Faculdade de Ciências Aplicadas da Unicamp, os resultados encontrados pela aluna “indicam um campo fértil para estudos futuros, seja para identificar de forma mais ampla as iniciativas de avaliação em negócios de impacto no Brasil e no mundo (já que trabalhamos na dissertação com um estudo multi casos e apenas no contexto nacional), quanto para desenvolvimentos metodológicos que permitam a construção de ferramentas de avaliação mais adaptadas à realidade destas empresas”.
A dissertação
Érica, Adriana e Raquel levantaram o que a literatura do campo define como boas práticas de avaliação versus o que está sendo empregado na prática, ou seja, se e como esses empreendedores de fato realizam suas avaliações e comprovam que estão gerando impacto socioambiental em seu público alvo. Segundo Érica, “dentre os resultados, identificamos que a avaliação não é uma prioridade na amostra estudada, pois questões como tempo e recursos (humanos e financeiros) são as grandes dificuldades nas startups. Outro fator complicador é a natureza complexa do impacto socioambiental. Nós argumentamos que essa mensuração deve ser repensada em moldes mais flexíveis e que busquem novas formas de identificar a causalidade, diferente das metodologias tradicionais empregadas. Para o campo de Negócios de Impacto há implicação na legitimidade desses empreendimentos que se identificam como ‘de impacto social’, visto que sem a devida comprovação, balizada em dados críveis de causalidade, não é possível comprovar os impactos e resultados que se afirmam alcançar. Consequentemente, isso torna o campo frágil e suscetível a questionamentos, enfraquecendo o ecossistema como um todo”.
Para mais informações sobre o Prêmio ICE, acesse: http://premioice.org.br/
Por Eliane Fonseca
Foto: Divulgação ICE