O professor do Instituto de Geociências da Unicamp, Ruy Quadros, foi agraciado com o prêmio Lifetime Achievement, concedido pela Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Administração (ANPAD). O prêmio foi entregue pelo presidente da ANPAD, Antônio Maçada, na abertura do Simpósio de Gestão da Inovação Tecnológica 2018, organizado pela entidade, em Porto Alegre. O docente é o primeiro a conquistar o prêmio, que terá periodicidade bianual.
O prêmio é voltado para pesquisadores de gestão da inovação tecnológica com maior contribuição acadêmica ao longo da vida. A conquista do docente tem relação com o resultado social do curso de especialização que coordena nessa área e com as publicações e pesquisas desenvolvidas no Laboratório de Gestão de Tecnologia e Inovação, no IG da Unicamp. “Esse é um prêmio em que pesquisadores afiliados à área de Gestão de Ciência, Tecnologia e Inovação da ANPAD indicam nomes em uma consulta. Os mais votados são submetidos a um comitê científico independente criado pela Coordenação de Ciência e Tecnologia, formado por três pesquisadores”, informou.
O processo de consulta e indicação ocorreu entre março e maio deste ano e o prêmio foi outorgado no final de maio. “A nossa pesquisa tem uma relação muito forte com o trabalho da especialização, pelo menos de dez anos para cá. Poder articular pesquisa, docência e especialização é uma situação privilegiada. Acho que o prêmio é um estímulo para dar continuidade ao trabalho”, apontou o professor.
De acordo com o docente, a pesquisa permitiu que ele tivesse uma visão clara dos problemas e das possibilidades e limites característicos e específicos das áreas de gestão da inovação nas empresas brasileiras. “Muitas das hipóteses de pesquisa surgiram da percepção desenvolvida na convivência com as turmas da especialização, que têm se constituído em laboratórios de observação, registro e análise da adoção de práticas de organização e gestão da inovação no Brasil. A minha ideia é estabelecer vínculos com outros países emergentes, como Rússia e Índia, onde eu acredito que vamos encontrar situações semelhantes às do Brasil. Minha intenção é tentar entender essa difusão de práticas de gestão e governança em outros países para comparar e trocar experiências”, informou o docente.
Especialização
A conquista do prêmio deve-se em parte à especialização que o docente coordena. O curso em Gestão Estratégica da Inovação Tecnológica acaba de completar 15 anos - um marco para a carreira de Ruy Quadros. “Inicialmente foi montado um curso na pós-graduação do IG em Gestão Estratégica e Inovação na Empresa, mas como obtivemos uma grande busca, foi desdobrado numa especialização, integrando mais professores e permitindo a ampliação do conteúdo”, afirma o docente do Programa de Pós Graduação em Política Científica e Tecnológica (PPG-PCT) e do Programa de Pós - Graduação em Administração da Faculdade de Ciências Aplicadas (PPGA-FCA).
Nesse processo, já foram formadas 600 pessoas de todo o país dentre profissionais de gestão de pesquisa e desenvolvimento e inovação de empresas privadas e de instituições públicas. “É possível criar vínculos entre docência, pesquisa e extensão porque é uma área de aplicação prática, mas ao mesmo tempo de importância econômica e estratégica para a sociedade”, disse. O curso é multidisciplinar, com docentes dos Institutos de Geociências, de Economia, e de Biologia e da Faculdade de Engenharia Mecânica da Unicamp, além de professores da USP, da UFRJ e profissionais experientes do mercado. Tem duração de dois anos e é oferecido pela Escola de Extensão da Unicamp (Extecamp). A décima turma está com inscrições abertas e deve começar em março de 2019.
Segundo o docente, o principal objetivo da especialização é formar profissionais de inovação, pesquisa e desenvolvimento e novos negócios. “Os profissionais mais experientes conseguirão ter uma visão integrada da área e pautar suas atividades por uma linguagem conceitual, com uma base de formação que permita a troca de informações com mais pessoas. Já para o pessoal mais novo, é uma oportunidade de formação”, apontou. A grande maioria dos alunos apresenta problemas práticos de suas empresas, que, no geral, são tratados no trabalho de conclusão de curso que funciona como fonte para implementar soluções para a empresa ou instituto de pesquisa em que atua. Segundo Ruy Quadros, dois terços dos alunos é formado por pessoas com bastante experiência, o que permite uma grande troca de conhecimentos.
Retorno obtido
O convívio com alunos por dois anos favorece um vínculo de confiança com as empresas em que atuam. “Muitas pesquisas emergem dessa convivência. Em uma delas, fizemos um survey com 65 companhias de primeira linha e mais da metade dos contatos foi feito através do curso”, disse. Além disso, à medida que ex-alunos se formam e evoluem na carreira, retornam com experiências para compartilhar.
Por Eliane Fonseca
Fotos: Divulgação IG