Bruna Maria Cruz Fernandes, egressa da graduação do Instituto de Geociências (IG), recebeu o “Prêmio ABGE Júnior” durante a cerimônia de abertura do 17º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental. O prêmio é destinado ao reconhecimento de recém-graduados e seus trabalhos de conclusão de curso (TCC) em temas da geologia de engenharia e ambiental. Em seu TCC, defendido no final de 2019 e orientado pela docente do Departamento de Geologia e Recursos Naturais Ana Elisa Silva de Abreu, Bruna Fernandes lidou com um assunto que é um importante desafio para a geotecnia na mineração: a classificação adequada de maciços rochosos para garantir segurança e otimização de operação em minas a céu aberto.
No Brasil, tal desafio é ainda maior, pois exige a adaptação de métodos tradicionais à realidade dos maciços que são afetados pelas altas pluviosidades e temperaturas, o que acelera processos intempéricos em rochas. A geóloga comparou três métodos de classificação de maciços em uma cava a céu aberto para retirada de cobre no Depósito Chapada, que fica em Goiás. “A partir dessas três formas de calcular o RMR (Rock Mass Rating), foram feitos modelos 3D com o programa LeapFrog®, um para cada método de classificação, e avaliado quanto cada classe de maciço mudava percentualmente entre os modelos. O cálculo a partir da correção Aw se mostrou o mais conservador, e portanto, o mais seguro para aplicação em cavas a céu aberto em regiões tropicais”, explica Bruna.
De acordo com a orientadora Ana Elisa, “para obter os dados de entrada dos três modelos, Bruna Fernandes coletou e revisou os dados de descrição geológica-geotécnica dos testemunhos de sondagem e de mapeamentos dos taludes de corte da cava, lidando com um grande volume de dados. Além dos resultados específicos da comparação entre os três métodos, o trabalho tem também a qualidade de valorizar técnicas nacionais de operacionalização de processos”.
Atualmente, a egressa do IG trabalha como geóloga na equipe de geotecnia na mina em que desenvolveu seu TCC, em Goiás. “No meu dia a dia, eu vejo como a aplicabilidade do estudo é importante para a operacionalização de uma mina, seja subterrânea ou a céu aberto, e por isso fiquei orgulhosa do destaque que o tema recebeu”, diz Bruna Fernandes. Para sua orientadora Ana Elisa, o prêmio é um reconhecimento do bom trabalho desenvolvido na área de Geologia de Engenharia na Unicamp. “O papel do orientador, além de apoiar os graduandos no desenvolvimento da parte técnica do seu trabalho, é o de motivá-los a se envolver com a geotecnia, uma área do conhecimento que aparece para o estudante apenas no último ano da sua graduação. O mercado de geotecnia está bastante aquecido no momento, especialmente na mineração, e é importante que nossos alunos estejam bem preparados para ocupar postos de trabalho nesta área”, reflete a docente.
Prêmios como o recebido por Bruna certamente valorizam o currículo do profissional que está chegando ao mercado de trabalho. Bruna dá uma orientação àqueles que estão ainda na graduação: “se tiver oportunidade, desenvolva o TCC relacionado ao local onde faz estágio. É muito importante alinhar as expectativas tanto da empresa, quanto da pessoa que vai executar o trabalho, garantindo que ela terá acesso a todos os dados para desenvolver seu TCC, além de ter a liberdade de publicá-los com consentimento da empresa”, explica a geóloga. Ela lembra também a importância de ter um orientador presente e disposto a fazer críticas construtivas para o desenvolvimento do projeto e ter também, se possível, um co-orientador da empresa onde estagia.
Para a orientadora do TCC de Bruna, a docente Ana Elisa, “a premiação é a consequência de um trabalho conduzido por uma pessoa capaz e motivada, que percebeu a oportunidade de realizar um estudo que contribuísse de modo significativo para a comunidade técnica em que pretendia se inserir. É uma conquista que veio de forma natural e da qual a Bruna pode se orgulhar para o resto da vida”. Foi a docente quem entregou o prêmio para a ex-orientanda. “É sempre bom ver o valor das pessoas e do que elas fazem serem reconhecidos, especialmente quando se acompanhou a jornada desta pessoa e se sabe quanto ela trabalhou para chegar lá”, finaliza a docente.
Por Eliane Fonseca Daré
Imagens: Arquivo pessoal