O saguão do Instituto de Geociências ficou repleto de alunos, funcionários docentes e não-docentes e comunidade externa na terça, 9. Mais de 150 pessoas assistiram a palestra “Antártica: Geologia e Paleontologia da Ilha Vega”, ministrada pelo professor Alessandro Batezelli, que passou 70 dias no continente gelado entre dezembro de 2018 e fevereiro de 2019.
O evento começou com a apresentação do AAPG Student Chapter. Em seguida, o docente do IG compartilhou sua experiência. Inicialmente apresentou projetos nos quais trabalha. No relato sobre a Antártida, iniciou contando como surgiu a possibilidade da viagem, os envolvidos e o treinamento anterior. Relatou a montagem do acampamento, rotinas do dia-a-dia, como o que comia e como dormia. Apresentou fotos de fósseis e afloramentos e vídeos de prospecção. Contou que as únicas coisas coloridas que haviam lá eram liquens. Na parte geológica da ilha, mostrou como foi formada, o tipo de bacia, deu exemplos e falou dos achados científicos.
Batezelli também falou sobre os trabalhos de campo. Em entrevista anterior à palestra, contou que dos 50 dias em Vega, ficou 30 em campo. “Os outros 20 foram no acampamento por conta do mau tempo. Nesse período, o jogo de xadrez foi um grande aliado”, disse. Segundo o docente, “um dos momentos mais emocionantes foi quando o pesquisador João Alberto Matos (Universidade Federal de Uberlândia) encontrou a primeira das 10 vértebras de dinossauro de 80 milhões de anos". O material ficará no Museu Nacional, assim como a maioria das amostras coletadas.
Além de seu trabalho de analisar a parte geológica da ilha, Alessandro também prospectou fósseis, trabalho em que colocou em prática outro aspecto do xadrez: a concentração. “É preciso ter muita concentraçao para extrair os fósseis incrustado numa rocha, uma vez que são muito delicados, podendo destruir o fóssil”, revelou.
Batezelli recebeu um diploma do comandante do navio Ari Rongel de quantos dias passou no mar. Oficialmente, pela Marinha, ele tem 15 dias de mar. Foram 4 dias na ida, quando foi de avião até a base chilena e 11 dias na volta, quando atravessou o estreito de Drake de navio. Segundo o docente, ainda não há novidades sobre a vinda dos fósseis, que estão no navio da Marinha.